sábado, 28 de março de 2015

As épocas

A estranha e velha sensação de ter nascido em época errada. Alguém me explica esse sentimento de deslocamento de época? Que pena que os valores e os princípios não são mais como eram antigamente. Porém, ainda acredito que existam pessoas que estão deslocadas como eu. E que iremos nos encontrar. Ainda acredito no amor real.



Juli.

Ardente

Ardente numa inspiração do perfume das rosas. Rosa vermelha da paixão. Do fogo do amor e do amar-se. Do deleite em deitar-se. Na magia dos poros exalando calor. No toque mais singelo e preciso em cada traço do corpo. O baile de pernas entrelaçando em acordo. Os olhos se fecham para o sentir do mais incrível prazer.





Juli.

São vários

O meu sonho acabou. Meu maior desejo se foi. Um resquício de vontade ainda permanece. Está um pouco obscuro. Atrás da cortina da continuidade, está escuro, sem luz e tudo apagado. É momento de parar e não atravessar para o lado de lá do palco. Melhor recolher-me. Na verdade, sonhos são vários, mas um acabou. Veio acabando conforme o passar do tempo. Hora de recolhimento, aquietamento. Um novo sonho deverá surgir. A qualquer momento.

Juli.

Beijo Corujo

Ahhhh que beijo mais gostoso! Beijo de paixão. Beijo com amor. Beijo em tesão. Beijo ardente. Beijo ladrão. Beijo na alma. Beijo rápido. Beijo interminável. Beijo silencioso. Beijo prazeroso. Toda a maciez de uma pessoa você só será capaz de sentir no beijo. Ahhhh que beijo mais gostoso! O beijo de coruja! Eu quero sentir em boca apaixonada, o teu beijinho de coruja. Beijo do corujo. Beijo protetor na mulher que se faz desprotegida e insegura.




Juli.

Não toque

Por favor, não me toque a alma, caso sejas uma fraude. 

Juli.

Não demora

Não demora. Te quero minha paixão. Te quero parte de mim. Te quero vida minha. Te quero. Não demora. Quero colocar coraçõezinhos no lugar dos pingos dos meus is. Te quero em sede de amar. Onde você está? Onde você está minha paixão escondida?

Juli

Ao lado esquerdo

Pode ser loucura. Pode ser caso extremo de urgência. Pode ser maluquice. Eu estou com saudade de quem eu nunca vi. Achando que amanhã vou acordar e ele vai estar ali, do lado esquerdo da cama. Eu vou virar meu corpo e colar no dele. E abraçar. Num juntar de corpos, repassando toda paixão e ternura. Passando pelos poros toda gotícula de amor. Ali, do lado esquerdo da cama.

Juli.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Marie Margareth Roth

Marie Margareth Roth. Mulher comum, com milhares de lembranças desde aquele ano que as almas se cruzaram. William Philippe Greene. Homem incomum, marcando lembranças na mente e memória de Marie. Ela, amorosa, cuidadosa e delicada. Ele, confuso, caridoso e frio ao amor. Marie, sinônimo de mulher delicada, meiga e sensível...mas com imagem de fortaleza. William, sinônimo de homem. Marie testara William há anos atrás. Com objetivo de colher resultados agora...anos depois. Na velhice, ele conferiria o desafio? Ou a deixaria até o último suspiro, em longa espera? 

Talvez um romance, talvez um drama. Um romance dramático. Como todos. Marie e William, estarão comigo por mais essa jornada. 

Juli.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A qualidade de amigo

Notáveis diferenças sentidas ao longo do passar da idade. Posso afirmar que na minha infância, eu pude saber exatamente o significado de se ter um amigo. Na fase infantil tive contatos com outras crianças, de diferentes classes sociais, etnias, escolaridades, famílias, mas que tinham o mesmo sendo comum: o de afeto, respeito, lealdade, proteção e muita confiança. Outros amigos eram meus pais, meu irmão e um amigo imaginário. A criança quando educada, desenvolvida sua índole e caráter, sempre possui seu ar de pureza transmitindo também, amor. Quase sempre. Algum amor puro, ao menos muito mais puro do que se pensam e sabem... os adultos.
Infelizmente, este senso se perde com o passar dos anos. Acredito que não deveria, não poderia ser assim, mas quanto mais adulto, mais e maiores são as decepções, os tombos, mais cansaços, mais aprendizados, mudança de valores e reais significados. As palavras amigo e/ou inimigo geralmente são empregadas de maneiras errôneas.
Não acredito, não vejo isso em pesquisas e aprofundamento na questão, que uma pessoa consiga ter no máximo dos máximos, com certa folga na matemática...20 amigos. Falemos amigos de verdade e reais. Amigos. Acredito sim, e pude constatar que as pessoas fielmente que não possuem mais do que meros conhecidos.
A qualidade de amigo é algo raro na sociedade, principalmente se tratando da atual. Conhecidos muitas vezes, trabalham no mesmo local, são vizinhos, é o médico, ou 280 pessoas da sua rede social de 300 amigos, até os inimigos podem ser apenas conhecidos. Você sabe lá. O que não significa estar lá realmente. A qualidade de amigo vai além. Não é apenas a rodinha de bar,  uma carona diária, ou conhecidos vampirescos que sugam toda sua energia positiva ou a última gota de felicidade. Amigo fala, critica construtivamente, dá bronca, cuida, muitas vezes deixando de fazer algo por ele mesmo, para fazer algo por você. Este não te ouve apenas, mas desprende o tempo necessário para você terminar seu desabafo todo e suas lágrimas. Amigo não dá um ombro para você chorar ou deitar a cabeça. Amigo dá os dois ombros, para que você abrace e deite no que escolher. Muito menos um amigo pensa no que você possui ou não possui, materialmente e monetariamente falando. Quando um amigo de verdade realiza uma conquista, te deixa realmente orgulhoso ou vice-versa. Não muda ser caráter, personalidade, carinho. Não é o carro novo, o apartamento novo, o tênis novo que deveria mudar uma pessoa. E ter isso, ou não ter, não significa de maneira alguma, ter autoridade de lhe desrespeitar. Nunca. Isso tudo é pequeno demais. Mentes pequenas, pessoas pequenas, falha lá na frente é resultado.
Um amigo nunca te pisa com objetivo de ferir-lhe, pode lhe machucar um dia sem intenção de tal e o perdão estará presente facilmente. Porque aquela criança sincera, ética, respeitosa, afetuosa, leal e de confiança...ainda existe.
Essa é a maior qualidade de amigo. Sê-lo. 

Juli.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Deixa pra lá

Um homem um dia apresentou um texto, elaborado por uma mulher inteligente com ideologia extremamente coerente. A mais pura realidade. Busquei lembrar e encontrar a autora, e também o próprio texto, no entanto não tive sucesso. O texto era mais voltado para o público feminino, onde a própria autora relatava que nós mulheres, muitas vezes usamos a expressão “deixa pra lá”. Talvez por medo, por estafa, até mesmo por já ter se machucado demais... no caso em questão...advindo de um homem, qualquer que fosse o motivo do “deixa pra lá”. Naquele dia que li o tal texto, logo pensei... “Nossa, eu sou assim também!” Então percebi que no meu caso, uso o “deixa pra lá”, quando já estou machucada o suficiente e não quero piorar a minha situação, ou quando já sei que a outra pessoa não se importa simplesmente com aquilo que me é importante, portanto...melhor...”deixar pra lá.” As pessoas não costumam medir o quanto machucam as outras, muito menos que algo pode ser de extrema importância para você, e que elas poderiam ter ao menos um mínimo de consideração sobre isso, mas quer saber? Deixa pra lá!Porque...de nada adiantaria para muitas pessoas, você explicar algo ao invés de usar o simples... “deixa pra lá”. Seria perda de tempo relatar o que incomoda, o que entristece, o que desconsola. Melhor mesmo é falar, escrever “deixa pra lá”, embora seja bem difícil, simplesmente com a maior facilidade do mundo, muitas vezes...deixar mesmo pra lá. E saber que tanto faz, que tudo bem. Que bom que existem pessoas assim. Eu só consigo perceber frieza nisso. Falta de interesse. Preocupação de verdade. Só consigo ver o outro lado... como nós somos tolerantes, com o descaso de quem nos machucou, com o que nos incomodou. Apático seria se importar com o outro, parece-me muitas vezes. Perda de tempo formular pensamento, discutir amigavelmente, com sinceridade, e esperar ajuda. Mais fácil, deixar pra lá. Muito mais fácil.O problema é que quanto mais “deixa pra lá” colecionamos, mais angústias, mais tristezas e desapontamentos sofremos. Sua existência, sua felicidade, sua vida, deixa de ter valor ao mundo, ao outro, quando utiliza um “deixa pra lá”. Ainda bem, que existem pessoas que não deixam pra lá. Aliás, que não deixam você deixar pra lá. E se interessam realmente por você, como um todo. Como um ser. Pena, que estão em extinção.Eu tinha muita coisa a falar para algumas pessoas, olhos nos olhos. Mas, tudo sempre me é falado por e-mail, telefonema, sms. Então, eu acabo deixando pra lá. Mas, não deveria. Como os valores mudam a cada dia que passa... melhor mesmo é agustiar-me...entristecer-me...desapontar-me...e mesmo assim... deixar pra lá.

Juli.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A visita

Inevitavelmente você a receberá um dia em sua morada. A estrada é longa, mais para uns do que para outros. Mas, não se pode, não se deve caminhar pensando na distância desta. O melhor é caminhar sabendo que ela chega, mas também que  vai embora. Visitas costumam ir-se. Lembro-me de quando fui visita sem querer. Não queria ir-me. Esta visita em questão, pode chegar a hora que quiser, no entanto, nem sempre vai embora quando ela mesma quer. Ela tem o tempo dela, a permanência é dela. Será? Se o tempo não existe, como é que se faz? Chega de manso, essa aí. Sem avisar. Chega vagarosamente. Com pré-aviso. Chega subitamente. Seja do tipo que ela quiser vir, ela não é de muitos avisos e amigos. Aos arriscados, me parece ser maior. Maior? Ela não tem tamanho. Tem intensidade. É mais, ou é menos. E não sei quem escolhe, se ela ou nós. Alguns possuem um poder indescritível de escolher que seja uma visita breve e serene. Alguns não. Pode-se tentar diminuí-la, parece que é coisa de todos. Sua permanência é constantemente questionada. E olha que quando essa está ou se vai, é mesmo como um felino, que marca território. Ela pode deixar marcas, do tipo machucado, do tipo lembrança. Desta visita, deste estado, pode ser que exista um polo positivo. Talvez, o aprendizado. Ah, de novo o tal aprendizado! O tal aprender! Aprender cansa também. Beira o insuportável, se o professor é essa mesma visita. Cada vez que se pode lembrar e rever o aprendido, pode ser que os olhos se fechem por instantes, clamando transborde. Marca eterniza. Força não. A cada vez visitados, é preciso saber como se faz a fortaleza própria. Não há alternativas. Ainda que algumas visitas possam ser agradecidas. Pois, por elas sabemos vivos. Talvez exista remédio para visita. Para combater um tipo de praga. Um abraço talvez. Um choro em desmanche. Um grito. Dormir. Mas, acho que para a dor... o melhor analgésico emocional...ainda se chama amor. 

Juli. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A imposição do Facebook

Nesses dias me envolvi em dois diálogos, com pessoas diferentes, sobre a imposição do facebook. Ou o que a sociedade impôs como obrigatoriedade do facebook. Seus usos, seus abusos, o vazio, a quantidade de várias coisas que não servem para acrescentar absolutamente nada. Inclusive pessoas. Num desses diálogos, a pessoa se dizia preocupada com seu amanhã, pois precisará de certa ajuda de amigos, e estava antecipando um sofrimento. Havia medo do abandono de amigos, e que ela faria esta descoberta, através de seu problema. É... eu a entendo perfeitamente. Eu tenho passado por isso, na própria pele. E passarei por um tempo, até o final de todo o tratamento que preciso desenvolver. O medo dela, eu não tive. Ao contrário, usei do sofrimento como elemento de seleção. Verifiquei que existem pessoas que quando você cai... realmente lhe chutam a cabeça e ainda comemoram. E outras, que de onde menos se espera... te esticam a mão. Fiz disso uma experiência boa. Eu entendo, não sou egoísta, nem hipócrita para entender que pessoas têm suas vidas. Não estão preocupadas, exatamente com os 300 amigos que possuem em seus perfis de facebook. Estão vivendo. Estão por aí. E você percebe também, que nem te importa muito a vida delas. Afinal de contas, foi apenas alguém que você topou quando tinha 6 anos de idade e conviveu até os 16. Mas, foram convividos apenas aqueles 10 anos, e agora, na fase adulta... nem lhe reconhecem mais e vice-versa. Incomodei-me. De nada adianta, ter essa quantidade de pessoas, que nem me conhecem, vendo minhas frases, meus escritos, meus desenhos, minhas fotos... Aqueles 10 anos na infância não existem mais. Então, você pode sim decidir, quem fica na vida e quem vai. As pessoas tem medo mesmo, é dessa seleção. Tenho amigas que não vejo, há 10 anos quase... mas essas, eu sei que estão ali. Virtualmente, mas ali. Agora, ser virtual e nem estar ali... ah...isso eu não faço a menor questão. Dá para rir virtualmente. Dá para ir ao bar, longe um do outro, juntos, virtualmente. Dá para trabalhar longe, juntos, virtualmente. O que não dá é para sobrar, separados, virtualmente. Ficam os estimados. Os que levam suas vidas, seus dias, mas sabe-se ali. Então, num momento de realidade virtual, eu fiz a opção de não atender o que a sociedade facebookal, impõe. “Ah...não pode deletar, vai ficar chato.” Desagradável é ter pessoas, por ter pessoas, e na verdade nem tê-las. Desrespeitei essa lei, do pode ou não pode, imposta pela sociedade. E quem fica, fica porque eu realmente quero. E não porque sou imposta a isso. Porque eu sei exatamente, quando eu cair um pouquinho, quais mãos se esticarão para mim. E qual pé, me chutaria, caso ainda estivesse presente um tanto ausente, na virtualidade e na realidade de tato. Eu prefiro a mão que estica. Nessa, eu ganho amigos que já são amigos. E esses, são para sempre, enquanto quiserem assim. Não se force a tal. Não se imponha a tal. A sociedade é falha. As regras impostas são falhas. Enfeites pessoas são ridículos. Eu gosto de enfeite de sorrisos. Eu gosto de amigos. E gosto dos amigos, que não passam a mão na minha cabeça quando não mereço. E gosto desses mesmos amigos, rindo do meu mico. E gosto desses mesmos amigos, interagindo. Eu gosto de amigos-verdades.

 Juli.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quanto você custa?

Ser humano. Custa caro ser um ser humano. Calcule o quanto você já usou em números, que dizem ser um valor monetário, durante toda a sua vida. Talvez muito. Não custa caro ser humano. Bastam alguns trocados de respeito, humildade, compreensão, solidariedade, outros e amor. Mas, ando vendo que para ser humano é preciso aprender a sê-lo. Mencionei em textos que deveria existir a Faculdade do Amor, mas começo agora... só agora...a pensar que deveria existir a Faculdade de Ser Humano,assim...como um todo. Em todos os módulos do curso, a matéria Conduta e Índole, deveria, ou melhor, deve ser cursada. Corpo docente muito bem capacitado, com doutorado em Bom Coração e Alma Iluminada. Infelizmente o próprio ser humano tornou-se mercadoria. A todo momento, pessoas descobrem que foram e/ou estão sendo usadas, para proveito carnal ou moral, nada mais do que para justamente, outras pessoas. Assim, como o objeto qualquer, que pode ser substituído, reposto ou quebrado e descartado, a todo e qualquer momento. Qual é o troco? Calcula-se que o troco e benefício do usuário, seja o proveito fácil e gratuito. É garantia de seu único e próprio bem estar. Mas eu ainda tenho esperança, que os usuários, um dia...saibam, aprendam na íntegra e realidade de fatos, qual é o poder e prazer em se conseguir, se conquistar, ter um sentimento. Ao menos um. E com esses...enfim...eu reafirmo justamente, como eu não devo ser, jamais.

Juli. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tipos de Metrô - I

Quem me conhece, me conhece. Conhece também, o que um amigo chama de Cicatriz. Tadinho. O Cicatriz nasceu em 1993. Realmente ele já possui marcas do tempo, nem seriam tantas cicatrizes. O sol, a chuva, o vento, a natureza por si, fora dando a cor ao Cicatriz, ou melhor (ou pior), foram-na tirando do velho e sofrido carro. Porém, é engraçado como as pessoas gostam do Cica. Na verdade, sem ser modesta, é que ele me carrega e os amigos gostam de vê-lo chegar. Pode rir. Hoje eu estou de ótimo humor. Dos melhores. A dor diminuiu... Bem... tive que parar o Cicatriz no mecânico, antes de passar pela cirurgia. Ele também fora se cuidar. No entanto, como a dor ficou insuportável, beirando a loucura plena de uma louca escolada, o Cica acabou ficando por lá um pouco mais do que o previsto. Melhor para nós dois. Eu me recupero aqui, e ele lá. Mas, sabemos juntos. Passei a usar o metrô dias desses. Inda e vinda ao trabalho, e onde mais eu conseguisse seguir viagem. Interessantes são os tipos de metrôs que pude ver. Há um tempo eu não usava com certa frequência, para ir e vir. Apenas um vir, ou aquele dia. Usei a mais. Na minha faixa etária, digamos os balzaquianos (as), não pude ver quase nenhum que não estivesse com o aparelho celular (ou seja lá que tecnologias eu vi), movendo os dedos freneticamente. Quantas mensagens eram enviadas? Quantas estariam passando por ali e para onde iriam? Muita gente em comunicação. A que tipos de jogos eles estavam mantendo atenção? Dedilhar frenético. Rapazes e moças, em pé lendo. Incrível! Tem gente que ainda lê como eu! Livro de papel! Os famosos “pdf´s” salvam a gente. Faço uso deles. Mas, é assim mesmo... quem escreve tem que ter consciência que pode cair na rede. Mas, eu ainda prefiro os livros de papel. Não seria a hora de entrar no quesito natureza e sua preservação. Não para mim. Apenas digo que é um gosto. 
Realmente, a molecada vai estourar os tímpanos, antes de chegar aos 30. Vi só hoje, dois adolescentes de cabelos encaracolados, vários, vários caracóis totalmente descabelados, como se um fio tivesse levado cada um, um choque de 220. No início pensei... ”O que eles têm em mente?” Minutos depois a cada disfarce de olhar, eu repensei... “É isso mesmo... eles que aproveitem seus cabelos como querem... depois, serão como este na porta... aos 40, de terno, bem arrumado e bem cuidado, com postura intrigante, barba bem feita, e cabelo aparado de acordo, que esses jovens aproveitem os 15,16,17 como eu mesma aproveitei.” Criança bonita, japonês. Portador de Síndrome de Down. Os pensamentos todos me pareciam como os dedos frenéticos dos balzaquianos... não cessavam. Que poderia ser de ajuda a esse menino, na pesquisa científica que caminha sobre os tais cromossomos que nos tomam em mãos, nossas vidas?
Em meus devaneios e filosofia andarilha de metrô, numa estação qualquer, avistei um senhor entrar no vagão que eu estava, acompanhado de uma balzaquiana de cabelos amarelos. Eu tive uma surpresa. Eu o conhecia. Pude ler seus lábios de onde estava. Doía-lhe o corpo todo. Na mão esquerda, uma tala para casos como tendinites e ites afins. A moça escutava e sabe-se lá, o que falava... estava de costas e eu realmente não leio cabelos...ainda. Ele estava indo trabalhar. E expressões faciais de lamento lhe surgiam. Foi quando seus olhos foram de maneira imantada, de encontro aos meus. Eu consegui o que queria. Olhei com aquele olhar fraco. Aquele olhar "bobóide" que damos a alguém na paquera e desviamos. Segui os olhos para a porta. É... não fora boa escolha... nada tinha na porta... estávamos no túnel, pleno buraco escuro do nada, sabe-se o quê, lá fora...E eu não o estava paquerando. Voltei. Ele também. E eu olhava desta vez duramente. Insistentemente. Persistentemente. O melhor, ou pior naquele momento, é que aquele senhor fazia o mesmo. Era uma guerra de olhares. Quem desviasse perdia, certo? Parecia telepático.
E eu pensava... - De onde...de onde...de onde...de onde...mas que saco Juli, puxa o arquivo...de onde... – e absolutamente nada me vinha em mente. Mas eu sabia que sim. E ele idem. De onde eram aqueles olhos azuis, que como uma amiga sempre diz...dá para ver a alma...
Era isso!! Eu quase via a alma daquele senhor conhecido, e desconhecido então. Os cabelos completamente assumidos brancos, com caracóis como os jovens, apenas no pescoço, o restante... batido como os de 40. Minha altura. Ah saco! De onde? A guerra não terminava. A moça descera há minutos. Eu já não sabia mais... logo pensei, por aqui... Amigo do pai da minha filha? Seria o pior a ocorrer...Vamos Juli, pensa...repensa...memória de nada! Não, não era amigo do pai dela. Era algo bom. Mas...o que? Eu entreguei a bandeira. Olhei para a porta novamente. E ali, fiquei com os olhos fixos. Faltava grudá-los na porta. Triste fim. Olhei novamente para a direção de onde estava aquele senhor... e ele... como em todos os filmes... não estava lá. Só ouvi...
- Oi. 
Neste momento, me assustei. E olhei. Timidamente respondi... 
- Oi. 
- Eu devo estar pensando o mesmo. 
- Eu não consigo... - e fiz um gesto com a cabeça negativando.
- Nem eu. 
- É...isso acontece, eu acho - e ri, aquele risinho de boca fechada, apenas sorrindo. 
- Mas, sabe...eu dou aula, eu sou professor. 
- Nunca tive aula com o senhor, desculpe. 
 - E você...faz? 
- Eu desenho, senhor. 
- Eu escrevo – neste momento sim, o encarei novamente. 
- Legal. Muito legal. 
- Sim. Quem sabe você tenha lido? Mas, não esqueça que sou professor. 
- Não lembro mesmo senhor... pode ser. Mas, se nos conhecemos...porque seria? Eu poderia ter lido, mas o senhor não me saberia leitora. 
- É... muito bem. Você vai descer? Vai para o trabalho? 
- Quase, falta um pouco ainda. Qual seu nome? 
- Talvez seja apenas um caso daqueles que... só parece... 
- Pode ser tudo, qual seu nome? De onde é? 
- Vou descer aqui... 
- E ficaremos assim? A pensar quem é quem? De onde?  
- Vai ter que ser. Continue o que faz, mas gire, não deixe escondido o tesouro. 
- Como assim? Quem é você? Fala criatura... – me espantei, meus olhos deviam estar maiores que bolas de tênis. 
Ele sorriu e apenas se dirigiu para a porta. Ainda o olhava, sem fitá-lo. Pensava... O que teria sido aquilo? A voz gravada anunciou... era hora do desembarque...a porta abriu, aquele senhor me olhou novamente e disse: 
 - Tchau, Juli. 
Minha espinha foi capaz de congelar-me. Só pude fechar os olhos. E não pensar em mais nada. Eu o conheço, mas não faço ideia de quem seja. Eu esqueci.

Juli.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Etnia define inteligência? Eu não sabia!

Peguei-me pensando num assunto que até então, eu havia deixado de lado, para não causar talvez, murmurinhos e certa polêmica. No entanto, o assunto em si é mais do que propriamente causador de querela hipócrita. Nunca tive grandioso problema com o mesmo, pois sempre me aprofundei nos estudos, e fiz por merecer. Até hoje, tendo vida, continuo adepta do conhecimento e aprofundamentos de sabedoria já praticada. Poucos devem ser assim. Sede de estudo. Sim, eu bebo o estudar. Sou consumista ao extremo, na arte de conhecer e aprender. Mas, ao deparar-me com certas palavras vindas de um homem, intitulado juiz federal (RJ), mestre em Direito (UGF), especialista em Políticas Públicas e Governo (EPPG/UFRJ), professor e escritor, caucasiano e de olhos azuis – maneira como ele mesmo se descreve – eu fico realmente achando que um pacato como tal, é tomado por pensamentos ignominiosos, puramente bestializados, de que os caucasianos (como ele faz questão de se apresentar), negros, índios, amarelos, e de qualquer etnia possível e imaginável, possuem inteligência diferenciada, de acordo com a concentração de melanina (pigmento que dá cor à pele)! Ah meu Sr.William D., vendedor de treininhos para concurseiros, por favor, faça uso de suas especialidades coerentemente. De que adianta um ser possuir tantos títulos, se é apenas um ser monetário, e acima de tudo, prepotente sem possuir capacidade inteligente de ser esse prepotente. No site do cidadão, vemos vendas, livros mais vendidos, cursos, apenas para concurseiros. Sinceramente? Não se houve falar nacionalmente, sobre sua existência. Como pode um Sr. Bam-Bam como W. D., dizer ser completamente adepto e favorável as tais cotas, para diversidades de etnias, com uma justificativa completa pela falta de coerência e abobada? Por favor, meu Sr. por favor...mantenha-se calado. É uma súplica! A prova da criação de pessoas burras e imbecis, do tipo idiotizadas, são as cotas a proteger etnias. Desde quando se mede potencial, inteligência, conhecimento, sabedoria pela concentração do pigmento de peles humanas? “Ah, sim, "os negros vão atrapalhar a universidade, baixar seu nível", conheço esse argumento e ele sempre me preocupou, confesso.” – disse W. Falso Mentiroso D. Este é um absurdo preconceito de quem lhe ensinou este argumento. Tenho amigos negros, inteligentes ao extremo, e que não precisam se sujeitar as tais cotas, nem sua defesa quanto ao EDUCAFRO, pré-vestibular para negros e carentes. Negros e brancos CARENTES podem e devem ter este tipo de ajuda. E as demais etnias carentes? Mas, ajudar uma pessoa a praticar preconceito consigo mesma, é ser um grande pilantra mafioso, enganador de burros idiotas. Veja que o Sr. mesmo separa “negros e carentes”. Negro é uma coisa, e carente é outra... você diz isso! Cota... Bom mesmo era na minha época, onde o cidadão passava no vestibular, pela sua competência. Independente se sua etnia fosse azul ou roxa. A questão não é etnia e nível social, a resolução principal para reverter esse quadro vergonhoso de educação brasileira, deve-se sim, ter início na pré-alfabetização, e mudar esse sistema fraco, de escolas públicas. A classe "mais pobre" tem o direito de obter o mesmo tipo de informação e educação, que "a classe média" de escola particular ou outrem. E chega de desculpas, querendo encobrir o governo que pensa em si, para que este país burro seja destaque internacional, pois todos seus alunos são maravilhosamente educados, prontos para serem admitidos em Harvard. Vamos tirar a lona de cima deste circo, e enxergar que ninguém está preocupado verdadeiramente com o ensino brasileiro. Querem destaque internacional, escondendo a mentira toda predominante, e criam cotas, de pura hipocrisia e preconceito. Mas, não conseguem tamanho destaque! Isso é como testar a minha inteligência, a minha cota. Se o Brasil tivesse um sistema de ensino digno, não seria preciso, COTAS. Ou seria? Testa-me assim! Diga-me, o Sr. Joaquim Barbosa, juiz de etnia negra, presidente do Supremo Tribunal Federal, precisou de cotas, para estar onde está e ser o que é?

Juli.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Descomplica!

A insônia é complicada, mas passível de ser descomplicada! O que se faz? Diverte-se com amigos, mesmo que por meio da virtualidade. O cansaço não te permite dirigir até um bar ou restaurante (fechados creio eu), sentar com estes e bater papo, horas a fio. Um estado de meia insônia. Sente o cansaço, mas não adormece. E se adormecer e cair no perigo das garras do despertar precoce...estará tudo perdido...o sono vai embora e você se sente momentaneamente descansado. Horas depois, você está um caco. 
Mas descomplica! Usa ela. Hoje usei a insônia. Já pensei em dois projetos e os transcrevi para o papel. Me diverti com as meninas virtualmente. Resolvi mesmo, definitivamente reativar o blog. Junto ao blog artístico. Fiz alguns planos para daqui a pouco! Ah querido sábado! O dia mais esperado! Sim...o dia em que vivo grudada o tempo todo, com o ser mais importante das galáxias todas. Minha filha. As crianças crescem num ritmo desenfreado. Outro dia, ela estava em meu peito, alimentando-se. No outro, engatinhando. Depois, aqueles dedinhos pequeninos... pegaram gosto aos lápis. E hoje, ela ainda é uma criança. Amanhã, uma mulher. Já escrevi uma vez, e repito. O que sente por um filho, não é amor. É um tipo de amor especial, e um outro sentimento que não se define em nome, apenas se sente. Bem... o jeito é comer, e deitar. E esperar que o sono venha. Que os sonhos venham. E que o sábado seja mais um melhor dia da minha vida. 

Juli. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Terrorista

- Mamãe, quando eu crescer eu vou ser terrorista. 
- Como assim Carol? O que você está falando? - indaguei a menina de 9 anos, para que eu pudesse entender o que ela estava querendo dizer. 
- Eu vou ser terrorista! 
- Terrorista? 
- É manhê! Terrorista! 
- Mas Carol... terrorista, é como aqueles homens que se matam e matam mais um monte de gente juntas...sabe mais ou menos, aquilo que te expliquei? - expliquei de maneira sútil à criança de 9 anos. 
- Ahhhh...tá...Mas, eu não quis dizer isso. Eu quis dizer terrorista, as pessoas que gostam de filmes de terror! 
- Ahhhh filha... Não chamam terroristas, não sei como chamam, mas vou ver para você. Mas, não são terroristas tá?
- Tá bom mamãe.
- Mas...me diz uma coisa meu amor...quantos filmes de terror você já assistiu, para achar que gosta tanto? 
- Nenhum. E nem vou ver. Só quando eu crescer, daqui uns dois anos. 

(Pensei...dois?)


Juli.

A planta


Artista

Hoje eu acordei mais artista. Tem óleo de linhaça percorrendo as veias. Pigmentos diversos na mente, dos mais coloridos. Mão de pincel. Godê na outra palma. O cavalete posto em seu lugar. De um erro se faz uma nuvem. A tela é o dia, até seu final, eu pincelo. Transformada em tudo o que é bom. Até dormir.

Juli.  

terça-feira, 5 de março de 2013

Cicatriz

Para um coração partido, existe cola ou costura? A cicatriz fica.
Quem fez uma cirurgia de um braço quebrado sabe...Dá pra consertar. Mas, a cicatriz do coração não é visível, como de um braço, ou parte externa do corpo. Porque será? -  penso eu...Acredito que o coração tanto físico, como o sentimental, sejam muito importantes, como pude ver nas aulas de ciências na infância...Mas, o sentimental...surgiu um pouco depois, a dor sentimental é uma coisa apenas sua, a alegria sentimental idem. Ninguém pode ver, só você pode sentir. Só você pode curar ou saborear. O tempo não cura uma dor de amor, de paixão, ele é só o tempo, que nos faz acostumar e fortalecer nosso equilíbrio. O médico não cura essa dor. O psicólogo te ajuda a pensar, mas não tira essa dor. Só você. E o conflito é tão grande, que por isso existe tamanha dificuldade, em levantar-se de uma queda, principalmente das quedas inesperadas que levamos pela vida. Mas, se não tivéssemos sentimentos, será que não seria pior? Não sentiríamos alegria, ao ver nosso nome, marcado numa poesia, de um amigo que mora longe, mas que pensou em você. E os corações puderam ficar próximos, por esse simples e importantíssimo ato. O de ser lembrado. Eu já nem sei mais, quantas cicatrizes eu tenho em cada joelho, por ter sido moleca na infância... eu nem sei mais, quantas cicatrizes eu tenho no coração, porque uma das únicas coisas que eu sei fazer na vida, é amar. 

Juli Wood

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Borboleta

Não tem jeito. Basta ser mãe uma vez. O frio na barriga, o coração tremendo, a emoção tomando conta de seu ser, é algo eterno quando se tem um filho. As crianças estavam arrumadas para a apresentação da Primavera. Mas, a turma de minha filha não. Pensei e comentei com uma amiga, se a turminha dela e da amiguinha (filha dessa amiga) não iriam se fantasiar. As crianças estavam lindas. Quando para minha surpresa a turma toda se levantou e seguiu para o banheiro. Eu estava na espera, ansiosa para ver o que sairia dali. Ela estava simplesmente maravilhosa. Minha emoção era gigante. Uma linda borboleta. Que menina linda. Linda naturalmente, e com aqueles apetrechos então, beirava a perfeição. A máquina registrava cada passo seu. Podem os anos passar, as datas serem diferentes, as danças com cada objetivo, mas a menina era sempre a mesma. O carisma vindo daquele ser tão inocente, era sempre presente. Meu amor fizera mais uma apresentação, e seus olhinhos seguiam na direção dos meus, com o orgulho próprio de estar se apresentando para alguém de grande importância em sua vida: a mãe. Sim filha, meus olhos estavam grudados em você. Meus olhos estão sempre grudados em você. Pedaço de mim. Meu fruto. Meu amor. Meu orgulho. Meu viver. Basta ser mãe uma vez, para entender o que é ter um pedaço de sua alma, em outra alma. Aquela menina é meu coração, fora de mim. A pessoa mais importante de minha vida. A pessoa que sem a qual, minha vida seria vazia. A pessoa que me faz ter força. A pessoa que me ajuda nas horas tristes. A pessoa que é dona de meu sorriso. Minha amiga. Minha namorada. Minha vida. Minha magia. Minha vida eterna. A festa da Primavera se foi, mas a mesma deixou a mais linda flor...em meu jardim. Minha filha.
Juli

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Raio-X


Eu realmente estava preocupada. Meu relacionamento estava desgastado. Foram anos lutando para encontrar felicidade naquela relação. Em vão. Mas, havia possibilidade de ser apenas uma inflamação ginecológica. Eu demorei muito tempo para engravidar. Dois anos. Com a relação acabando, por um fio, achava que Deus não colocaria um ser... em meu ventre. Eu havia planejado uma vida familiar perfeita. E eu estava prestes a me separar. Daria tudo errado.
Raio-X e exame de sangue. Não me lembro se já havia colhido sangue, quando fui fazer o raio-x. Agradeço cada dia, por aquele médico da clínica, ter me negado fazer aquele exame de raio-x.
- Tem possibilidade de estar grávida? Por qual motivo está fazendo esse raio-x? – ele me perguntou já dentro da sala de raio-x.
- Bom dr...eu estou fazendo esse exame pela ausência de menstruação. E também o de sangue – respondi com certa dúvida.
- Eu não posso realizar esse exame se você me afirmar que teve uma relação sem proteção – ele me falou de um jeito cuidadoso e atencioso.
- Melhor não fazermos dr. Eu tive relações desprotegidas com meu noivo – respondi.
- Então é melhor você ir, fazer os exames de sangue, verificar se está grávida ou não, e se não estiver, prometo que faço o exame na hora para você. Nem precisa marcar horário. Seu nome estará anotado – me disse de maneira atenciosa e extremamente profissional.
Eu saí feliz daquela sala. A partir daquele momento, comecei a acreditar na possibilidade de estar grávida. Tive medo de meu pai, que me levara para realizar tal exame. Medo de sua reação, ao saber que o médico se negou a fazer a radiografia. Mas tudo correra bem naquele dia.
Dias depois, tive a confirmação. Eu estava grávida. E até hoje, o rosto e semblante daquele homem, permanecem em minha mente. Graças a ele, minha filha não correu riscos com radiação. O profissionalismo e cuidado daquele homem, valeu por tudo até hoje. Minha gratidão é eterna. Eterna.
Assim, como estou aprendendo a ser grata eternamente ao pai dela também. Circunstâncias da vida me fazem não conseguir perdoar plenamente as pessoas. Eu estou trabalhando nisso. Perdoando serei alguém melhor. Mas, consigo ter gratidão. Ele foi a metade que eu precisava para ter essa menina, esse ser, essa alma iluminada, a quem devo minha vida. A quem pertenço de corpo e alma. Minha filha. Se nossa história estava escrita para ser assim, que seja assim então. Eu precisei dele, para poder tê-la em meu caminho. Eu precisei dele em meu caminho. Hoje, eu tenho em minha vida a maior riqueza que eu poderia ter. Uma menina.

Juli.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Minha velhice


A lei é falha. A justiça é lenta. O prejuízo à um filho é imperdoável. Querer atingir alguém, que não lhe ama mais, através do filho, é hipocrisia e ignorância. Mas ainda assim, eu acredito que tudo tem um propósito. Nem sempre o que aqui se faz, aqui se paga. Mas num futuro próximo eu sei, lá no fundo de minha alma, que essa pessoa que tanto mal faz a um ser que ele próprio gerou...ainda vai sofrer. Vai sofrer a solidão e depressão pelo mal que ele próprio causou. Pois, esses filhos...abandonados e prejudicados...jamais o verão com o melhor que a vida pode oferecer...que é simplesmente o mais verdadeiro e puro sentimento, perante pais e filhos...jamais sentirão vindos de um filho prejudicado...que é o amor. Em algum momento de sua vida, estará travado em uma cama, estará sozinho num quarto, num asilo abandonado, sem o amor de minha filha. Mas também sei, que eu sou mulher que batalha. Eu sou mulher que ama o que gerou. Sou um ser, dotado de capacidade de vencer as batalhas que a vida impõe. E essa, eu também vencerei. Por que quando a minha velhice chegar, eu terei o amor e carinho de minha filha, a pessoa mais importante da minha vida. Eu verei minha filha se formando na faculdade. Sendo também, vencedora como eu. Poderei ter o prazer imenso, de carregar no colo, segurar em meus braços, os meus netos. O outro lado...não. Eu te amo filha. Eu te amo mais do que a mim mesma. É incondicional. É mágico e inexplicável. Obrigada Deus e Universo, obrigada vida, por ter me permitido a dádiva de ser mãe da Carolina. Obrigada filha, por ter me escolhido para ser sua mãe e lhe ajudar em sua caminhada nessa vida. Eu tenho um orgulho imenso de dizer que EU sou sua mãe. Que cada célula de teu corpo, que cada luz de seu espírito, foi dentro de mim que se iniciou. Obrigada Deus, por eu ter o privilégio de sentir o amor. Te amo menina.

Juli

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Coelho

Algumas pessoas ainda me perguntam, por quais motivos eu continuo alimentando a fantasia infantil, de que um coelho existe na Páscoa, e ele é o responsável pelo sorriso da criança, hoje com sete anos de idade. Eu me pergunto que obstáculo e adversidades, possam existir em alimentar tal fantasia. Não encontro uma resposta negativa. Como pude ler num e-mail sobre alguns pensamentos e frases que um dia recebi, a infância de nossas crianças, é uma só. Por isso, sigo fazendo da criança, apenas uma criança.
- Mamãe, como faço para pedir ao coelhinho da Páscoa me trazer o ovo dos “Enrolados”?
- É simples, filha, fale a qualquer momento em tom firme. Fale ao nada. Assim: “Coelhinho da Páscoa eu quero o ovo tal.” E seu pedido será feito. Com certeza, ele tem alguma maneira de saber exatamente que ovo você quer ganhar.
- Tá bom mamãe. Ô coelhinhoooo...coelhinho da Páscoa? Eu quero o ovo do filme “Enrolados”.
- Isso mesmo meu amor, garanto que seu pedido será atendido. Pode ficar tranqüila.
Alguns dias se passaram. E a mídia mais uma vez, vencera com sua propaganda puramente comercial. Foi quando recebi um telefonema no trabalho. Era minha filha.
- Mamãe, o ovo dos “Enrolados” está cancelado.
Naquele momento, pensei que talvez por algum defeito de brinde, estaria havendo um recall ou qualquer coisa do tipo. Fiquei intrigada.
- Como assim filha? O que houve?
- Eu quero o ovo do I-Carly – disse-me com toda alegria contagiante.
- Existe esse ovo filha?
- Sim, mamãe acabou de passar na televisão.
I-Carly é um programa com episódios que duram cerca de meia hora. Conhecemos o programa pela Nick, mas hoje podemos ver também na Globo. Trata-se de um gênero de comédia. É realmente engraçado, divertido e que faz qualquer pessoa de 0 a 100 anos dar boas risadas. Tem um humor interessante.
- Então, filha... diga novamente ao coelhinho que quer esse ovo. Ainda temos tempo de mudar a opção. Com certeza, ele vai lhe atender, você é muito boazinha não é?
- Tá bom mãe.
E lá foi a mãe pesquisar no amigo Google, sobre o ovo do I-Carly. Exclusividade Lojas Americanas. E lá foi a mãe para uma filial. Além do ovo do I-Carly, fui acometida por um formigamento nas mãos que me forçara a agarrar o ovo do filme Rio, que tínhamos acabado de assistir no cinema, no fim de semana que se passara.
Sábado à noite temos um compromisso. Eu e minha filha. Precisamos arrumar a caminha do coelhinho, caso queira descansar, a cenoura para que se alimente, e a água para matar sua sede. Assim, ao acordarmos no domingo, a caminha estará desarrumada, a água pela metade e apenas um pedaço do que sobrou da cenoura. Com dois Ovos de Páscoa para a alegria plena da menina de sete anos. Pode ser que esta seja a última vez, que eu tenha este privilégio de fantasiar a existência de um coelho de Páscoa.
(Não entrei em detalhes de comércio e religião, pois não é o objetivo deste post)
Juli.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Carta

Receber uma carta. Eu não tenho nem idéia de quando recebi a última carta, daquelas que vem pelo correio. Logicamente, eu não me refiro às famosas contas que não se perdem pelo caminho. Nossa caixa de correio, se faz...como parada obrigatória. Dificilmente recebo também cartão de Natal, ou cartão Postal. Tudo isso vem pela internet. Ano passado recebi uma carta de uma amiga do trabalho. Perdeu seu tempo comigo. Pensou em mim, a cada palavra que escrevia. Tudo fora pensando em mim. A idéia de escrever uma carta para a Juli, a escolha de uma folha bem bonita para escrever, o pensamento no que colocaria no papel, os coraçõezinhos enfeitando meu nome, a finalização e desfecho da carta, e a entrega. Tudo isso, pensando em mim. Não digo que os e-mails carinhosos vindos de outros, não sejam imensamente gratificantes. Mas, aquela carta tem um valor especial. O carinho percorreu seu cérebro e atingiu seus dedos, que guiaram a escrita amorosa. Usou nervos e músculos mínimos para gastar energia com tal ato. A entrega fora fácil. Em mãos. Mas, pelo correio eu nunca mais recebi, desde a infância. Convites de aniversário e casamento, sim...chegam pelo correio. Mas, uma carta...demonstrando amor...não. Qualquer tipo de amor. As pessoas não fazem mais isso. Cada vez menos demonstram amor. Por que isso acontece? Chego a pensar que as pessoas devem achar que um e-mail é mais fácil, mais rápido...e pensam também que surtirá o mesmo efeito do que entregar uma carta de próprio punho. Pura preguiça. Os casais de namorados ainda possuem isso, creio eu. Devem trocar bilhetinhos amorosos. Ao menos no meu caso, eu sempre fiz isso. Quando namorava o pai de minha filha, o enchia de cartinhas. Quando estava interessada em alguém, fazia o mesmo. Quando era criança, mandava para meu pai. Não tenha preguiça. Não deixe a cólera e o tédio lhe tomarem parte. O ato de escrever ainda deve ser cultivado. É trabalhoso, porém gratificante para ambos os lados. Escolher o papel, formular a redação, executar o texto, dobrar o papel, escolher o envelope, fechar o envelope, e endereçar, são atitudes que requerem trabalho. Mas...é algo simples. Leve ao correio, poste. É barato, não custa um absurdo. Mas tem um efeito grandioso. O brilho no olhar de quem recebe uma carta repleta de carinho, é instantâneo e mágico. Espero ainda um dia...abrir a caixa do correio...e me deparar...com uma simples...carta.
Juli.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Menestrel mais uma vez

Em algum momento de nossas vidas, somos acometidos por determinada situação que nos faz cair em profunda tristeza, muitas vezes, até a depressão. Não faz muito tempo, meu coração fora dilacerado por uma foice que me fez sangrar tristeza até eu cair. Foi quando uma amiga me apresentou o texto abaixo. Hoje, me encontro em meio a dúvidas que deixam minha mente em funcionamento contínuo, tirando-me qualquer possibilidade de sono. Por isso, voltei a reler o texto. E apresento a vocês.

“O Menestrel

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança.
Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la… E que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos, se compreendemos que os amigos mudam… Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida, são tomadas de você muito depressa… por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve, e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens… Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Aprende que ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar...se não fosse o medo de tentar...”
William Shakespeare.


Juli Wood.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Bullying

O termo ficou famoso há pouco tempo. Lembro-me que no meu período escolar, tais atos eram conhecidos como “aloprar”, “zuar”, alguém. Nunca havia ouvido falar em “bullying”. Trata-se de agressões físicas e/ou psicológicas que acometem um ser, repetidas vezes. Para minha sorte, eu não tive problemas em sofrer “bullying”. Ao menos, não me recordo. Como são agressões marcantes, principalmente por fatores psicológicos, se eu tivesse sofrido isto, com certeza... lembraria. Em algum momento da minha vida, passei a ter um apelido. Hoje, com quase 31 anos completos, alguns amigos ainda me chamam de Pulga. Nunca fui contra tal apelido. Falar de Juli, seria algo amplo, existem muitas Julis por aí. Mas...falar da Pulga, era como que uma exclusividade. Quem foi? A Ju. É amplo, ainda caberia uma explicação sobre qual Ju seria a pessoa em questão. Quem foi? A Pulga. A imagem da menina magrelinha e que jogava um belo futebol com sua canhotinha, já tomava conta dos cérebros envolvidos no diálogo. Era uma exclusividade. Sempre gostei. Meu namoradinho Octavio ligava em casa, e meu pai atendia:
- A Pulga está?
- Sim, quem quer falar? – Meu pai respondia na maior naturalidade.
- O namorado dela.
Nesse momento, meu pai fervia.
Para meu aprendizado, eu fui autora de “bullying”. Ainda criança, não era uma pré-adolescente. Não sabia exatamente o que eu estava causando na outra criança. Meus pais nunca foram chamados pela escola, provavelmente porque a menina que sofria as agressões, nunca reclamara.  Infelizmente, não me recordo de seu sobrenome e por isso, não pude encontrá-la nas redes de relacionamento. Queria pedir perdão. Talvez tudo fosse diferente se meus pais tivessem sido chamados. Eu teria maior consciência do mal que estava fazendo. A menina chamava-se Camila. Na verdade, era um amor de menina. Tinha um tom de pele, bem claro. Era muito, muito, muito branquinha. Talvez, essa diferença que tenha despertado em mim, qualquer preconceito (inconsciente) e achado que ela merecia tal agressão. Para falar a verdade, eu enchia muito a paciência daquela menininha. Sem motivos. Por favor, não se esqueçam de que eu era uma criança, e realmente não sabia o que estava fazendo. Se eu fosse pré-adolescente, a história teria outro sentido. Eu cometia sem sombra de dúvidas, o famoso “bullying”, eu literalmente aloprava a Camila. Ela nunca me fez absolutamente mal nenhum. As minhas agressões cessaram quando Camila tomou coragem e me fez as pernas ficarem bambas. Meu coração doeu. Meu sangue ficou mais quente. Senti um calafrio na cabeça. Nunca mais eu cometi nenhum tipo de agressão do tipo. Ela me ensinou o que é respeitar a todos, independente de classe social, cor, credo, idade e etc.
- Macaca! – era como eu a chamava diariamente.
- Pára Pulga!
- Sua macacaaaaaaa! – eu gritava.
A menina se colocava a chorar. Eu, sentia um ar superior e a deixava para trás. Até o dia em que Camila, foi muito mais superior do que qualquer criança.
- Macaca! – eu novamente.
Camila chegou perto de mim e aos meus ouvidos sussurrou:
- Me faz um favor, Pulga? – disse-me baixinho.
Parei por segundos, percebendo que algo estava errado. Ela nunca me pedira nada. Balancei com a cabeça dizendo que poderia fazer um favor a ela.
- Não me chama mais de macaca, porque isso me magoa. – sussurrou mais uma vez.
Naquele momento, eu concordei. Senti-me muito mal. Sofri os sintomas físicos citados acima, e uma dor psicológica muito grande. Nunca havia passado na minha cabeça que eu a estaria magoando. Eu não pude observar isso naquela menininha branquinha. O episódio fora tão marcante em minha vida, que até hoje se tornara algo inesquecível. Que isso sirva de lição, para eu poder ensinar a minha filha, que não devemos em hipótese alguma, machucar outra pessoa. Que devemos prestar atenção, pois mesmo sem perceber, podemos ainda assim, estar magoando alguém. Alguém que nos quer bem. Eu peço perdão à Camila. Peço desculpas pelas lágrimas que em seu rosto eu fiz correr. Nunca mais eu agredi a menina. Ao contrário, sempre a chamava para brincar. Queria estar ao lado daquela menina, que um dia eu magoei.
Juli.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Proteção

Perdoem-me meus amigos e leitores sobre o texto a seguir. É apenas a minha opinião. Não é uma crítica destrutiva. É algo construtivo.
A moda tem uma velocidade fora do comum. Alastra-se mais rapidamente que uma epidemia. Em muitas coisas, eu – particularmente falando – não sou contra. Dependendo do caso, do que se trata uma situação de moda, sou sim... contra. Fumar maconha para estar na moda, não tem meu consentimento. Uma criança usar tênis coloridos, super luminosos, como os daqueles integrantes da banda “Restart” não me cabe como algo ruim. A moda é dependente do tempo. E se você estiver fora da moda, deixe os críticos falarem. Como aquela frase que também virou moda: “Falem mal, mas falem de mim”. Outro dia, mexendo no fundo do baú, minha mãe encontrou algo como que da Era do Gelo. Um sapato meu, marrom, daqueles modelos que possuem inúmeras bolinhas em sua sola. Um dia, aquele sapato, fez parte de uma moda. Ao me questionar sobre o futuro paradeiro do calçado, não hesitei em dizer que... poderia se desfazer. De qual maneira... eu não sei. Usar aquele sapato... seria dar a cara para bater. Antiquado. Não me preocupei tanto com as críticas que eu receberia, mas sim, com meu sentimento de que aquilo era realmente parte de um passado. Use, mesmo fora de moda, mas tenha bom senso. Usar aquilo, ao meu modo de ver, seria muito antiquado e sem noções de épocas da história humana.
 O que muito vejo hoje são aqueles adesivos de automóveis. Pura moda.  São eles, a representação de uma família. São eles, a representação do que você quiser. Vi muitos interessantes. Um deles, eu estava no carro, com meu pai.
- Olha pai!
- O que? – me perguntou sem saber onde olhar.
- Ali, aquela montagem dos adesivinhos – e apontei para o carro da frente.
Uma mulher havia colocado uns adesivinhos assim: uma mulher e ao lado, uma cegonha levando em seu bico, um pacote. Estava claro para mim, que... ela estava grávida...e solteira. Achei aquilo, de uma criatividade grandiosa. Num outro carro, vi uma mulher e dois homens. Bárbaro. Adoro quem tem senso de humor e sabe usá-lo.
Passei a reparar mais nos adesivinhos e analisar assim, a criatividade das pessoas. Vi coisas incríveis. E pude reparar através de três automóveis, que até mesmo nesses adesivinhos, pode haver psicologia.
Meu pai me ensinara, desde criança sobre a importância de proteção e cavalheirismo. Quando ando na rua com meu pai, de mãos dadas como já citei um dia, ele me coloca para o lado interno da calçada. O homem fica então, do lado de fora. Aprendi que isso é cavalheirismo, pois se um carro perde o controle, atropela primeiramente... o homem. Com crianças, deve-se fazer o mesmo. Leva-se segurando pelas mãos, estando ela... do lado interno da calçada. Proteção. Foi quando um dia, eu reparei na sequência dos adesivos. A maioria das pessoas, está colando primeiramente o homem, seguido da mulher e enfim, as crianças. Alguns ainda, colocam seus animais de estimação, por último. Em se tratando de psicologia e cavalheirismo, essa é a sequência correta. E a grande maioria cola a sequência toda, do lado esquerdo do carro. Lemos assim. Da esquerda, para a direita. Pode-se raciocinar então que, a rua está realmente do lado externo do carro e da sequência de adesivos. Claro... cada um cola da maneira como quer...não existe uma regra. Pensando dessa maneira, confirmam-se mais uma vez, o sentido e instinto de proteção, afinal de contas... não existe a regra dos adesivinhos. Ainda não colei em meu carro, provavelmente farei isso, no final de semana. Serei eu, minha menina, e dois gatos. Nessa sequência da esquerda para a direita. Até hoje, desde que a moda começou, eu vi três carros que me passaram uma impressão ruim, neste sentido psicológico. As crianças estavam coladas na parte externa, a extrema esquerda do automóvel, seguidas de seus pais. Psicologicamente falando e pensando, analisando um pouco mais, tive a sensação de que os pais, donos daquele automóvel, naquela família, se colocam muito a frente dos filhos. Pouco protegem. E não digo isso no sentido de aprovar uma super proteção. Sem exageros. Só tive uma sensação ruim com isso. Fica estranho pensar que, se ocorrer uma batida naqueles automóveis, as primeiras pessoas, ou o primeiro lado a ser atingido, serão as crianças. Parece algo do tipo “antes eles do que eu”. Com isso, eu realmente percebi que um simples adesivo...pode acabar mostrando muito mais...sobre você.
Juli.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um milagre

Será um milagre? Parece ser. O processo denominado oxidação biológica me parece ser algo mágico. Um simples inseto é capaz de transformar a energia química em energia luminosa. Um processo químico, que ao desativar uma molécula, essa simplesmente emite... luz. Algumas das melhores experiências de minha infância e minha pré-adolescência ocorreram em acampamentos. No decorrer do tempo, vou postando mais histórias de acampamento. Ao menos... das minhas estadias fora de casa. Geralmente localizados no interior de São Paulo e estados adjacentes, foram alguns dos locais mais maravilhosos para um contato com a natureza. Não tinha mar. Não tinha areia. Tinha muito verde. E muitos bichos... pequenos e grandes. Estrelas brilhantes como os olhos de uma criança ao receber um presente surpresa. Eu não me recordo quando tive meu primeiro contato com essa espécie de insetos, mas lembro da minha experiência visual, nos acampamentos. Comecei a acampar, acredito que com 10 anos de idade. Viajava com a turma da escola. Ficávamos três dias e retornávamos. Tudo me deixava maravilhada. Minha mente carrega desde então, a imagem de um vaga-lume. Eram muitos. Piscavam. Suas luzes eram algo mágico e intrigante. Eu mal podia esperar para chegar a noite. Só para vê-los. Há muitos anos eu não vejo um vaga-lume. E você?
Depois de anos, resolvi buscar informações sobre a ausência desses insetos, ao menos na cidade de São Paulo. Nada encontrei. O material é defasado. O que aparenta é que as pessoas, nem se lembram que um dia viram um vaga-lume. E que importância tem...se eles existem ou não? Para mim isso importa, cada vez que me recordo deste inseto, lembro da magia que o envolve e noto que pela sua ausência... talvez minha filha nunca veja um. Caso você tenha alguma informação sobre o paradeiro de um vaga-lume, por favor, me comunique. Entendi anos depois o motivo de suas luzes. As cores das luzes variam de espécie para espécie. No caso dos insetos adultos, é um atrativo sexual, para que seja feito um encontro romântico e a espécie possa procriar e seguir com sua existência. Sua luz pode servir de defesa e ataque...a luz que me encantou, pode fazer o mesmo com outro inseto...e este...acaba virando comida. O problema é que o vaga-lume parece estar entrando numa fase de extinção. Isso acaba ocorrendo, pois as cidades grandes possuem muitos postes e luzes artificiais. Algumas fêmeas, vivem pelo chão e atraem seus namorados, pela luz. Com muita luz na cidade, essa comunicação fica comprometida. E o namoro simplesmente...não acontece. Um dos meus sonhos é mostrar um vaga-lume para minha filha. Tatu-bolinha está difícil também. Tive tanto contato com esses insetos...acredito que minha filha se divertiria também. Talvez algumas pessoas acreditem que tudo o que postei até aqui é besteira. Tudo bem, respeito. Mas...somos culpados por acabar com outra espécie. Eu sou responsável por isso. Você também. Infelizmente a vida força o final de uma espécie. Sentiria-me um pouco mais realizada com a simplicidade em mostrar que um dia existiu um inseto mágico, que emitia luz com seu próprio corpo, pequenino e indefeso, perante o ser humano.

Juli.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O que que é maconha, mamãe?

Em todos os canais, estava estampada a imagem do Rio de Janeiro. Pipocando no controle remoto, não havia o que assistir. Polícia de um lado, população de outro, exército chegando...era a guerra da droga. Eu não sei explicar o real motivo...mas minha filha, por alguns instantes queria ser “chefe de polícia”...antes mesmo do caso do Rio. Quando estamos no carro, fica feliz de ver uma viatura. Mais feliz ainda, de fazer um sinal de “tchau” para o policial.
Bom...eu não vou entrar em detalhes sobre esse assunto do Rio. Não é o objetivo do post. Mas, foi a partir daí, que surgiu uma dúvida na cabeça da criança e outra maior ainda...na minha. O jornal estava na cesta de revistas e jornais...com uma matéria enorme na sua capa. Não me recordo muito bem, mas o que sei...é que tinha a palavra MACONHA, em letras maiúsculas e de fôrma. A menina havia aprendido a ler.
- O que que é maconha, mamãe?  - ela perguntou, com toda sua inocência e pureza.
Eu realmente não sabia o que responder. Fiquei preocupada com o que deveria falar, e o que não deveria falar. Ela só tinha seis anos de idade. Eu fui sincera com a menina. Pedi que esperasse um momento para eu ver, como explicaria isso para ela, de uma maneira fácil para ela entender...Balançando a cabeça, concordou em esperar.
- Filha...maconha é uma droga – iniciei uma explicação cuidadosa.
- E o que que é droga mamãe? – perguntou com toda sua inocência.
- Droga, meu amor, é uma coisa que algumas pessoas fumam. Uma coisa que os traficantes, como esses do Rio de Janeiro, vendem – expliquei mais um pouco o assunto, sem abranger demais o tema. Não citei outros tipos de drogas, nem como eram feitos os usos.
- Ah tá... e faz mal?
- Faz muito mal. Para o corpo todo.
- E mamãe... quem fuma droga morre?
- Pode morrer sim. Não é uma coisa boa... faz mal né? – já dizia isso, com uma entonação na voz, dirigindo aquele diálogo para seu final.
- Nossa...eu nunca vou querer fumar maconha mamãe – respondeu sabiamente.
Procurei nesse diálogo não abranger muito o assunto. Acho algo delicado para ser muito explicado nessa idade infantil. As crianças são muito curiosas. Até que ponto ela poderia ter ficado curiosa em saber que efeitos são causados pela maconha? Preferi apenas, dar meu ponto de vista e direcionar a conversa com sutileza.
Outro dia, depois do banho, já instaladas para brincar na sala, surgiu outro comentário da pequena menina.
- Mamãe, hoje na rua tinha um homem que bebeu droga. Ele estava balançando assim (e fez um gesto até que engraçado no momento).
- É mesmo filha?
- É sim mamãe...ele bebeu droga.
- Credo.
E seguimos com nossa brincadeira.

Juli.